quarta-feira, 16 de maio de 2007

Os Efeitos dos Meios de Comunicação Desde a Teoria Crítica.


Analisar uma teoria formada num contexto de guerra e perseguição ideológica na qual foi fundada a Escola de Frankfurt é uma tarefa bastante desconfortável. Antes de começar a fazer qualquer comentário acerca da teoria formada por esta escola é necessário que se faça uma análise histórica se sua fundação e início de atividade.
A Escola de Frankfurt é nome dado a um grupo de filósofos e cientistas sociais de tendências marxistas que se encontram no final dos anos 20. Este grupo emergiu no Instituto para Pesquisa Social (Institut für Sozialforschung) da Universidade de Frankfurt-am-Main na Alemanha. O instituto foi fundado com o apoio financeiro do mecenas judeu Felix Weil em 1923. Em 1931, Max Horkheimer tornou-se diretor do Instituto. É a partir da gestão de Horkheimer que se desenvolve aquilo que ficou conhecido como a Teoria Crítica da Sociedade, comumente associada à Escola de Frankfurt. Deve-se a esta Escola a criação de conceitos como Indústria Cultural e Cultura de Massa.
Na Alemanha, com a chegada de Hitler ao poder os membros do Instituto, em sua maioria judeus, migraram para Genebra, depois a Paris e finalmente, para a Universidade de Columbia em Nova Iorque. A primeira obra coletiva dos frankfurtianos são os Estudos sobre Autoridade e Família, escritos em Paris, onde estes fazem um diagnóstico da estabilidade social e cultural das sociedade burguesas contemporâneas. Nestes estudos, os filósofos põem em questão a capacidade das classes trabalhadoras em levar a cabo transformações sociais importantes.
Diante deste contexto é que os pensadores desta escola promovem suas críticas aos meios de comunicação de massa cuja expansão lhes é contemporânea. Estas críticas vão encontrar suas maiores oposições nos Estados Unidos onde está em ascensão um sistema de comunicação totalmente voltado à manipulação da sociedade capitalista na sua maneira de pensar e agir. Esta manipulação feita pelos meios de comunicação vem atender aos interesses econômicos e políticos de um pequeno grupo social que induzem o restante da sociedade a adquirir produtos da indústria em crescimento e apoiar políticos em seus anseios de poder sem fazer muitos questionamentos. Neste momento a Escola de Frankfurt vem estabelecer parâmetros e tentar frear este estado de escravagismo mental fazendo sua crítica a razão quando para Horkheimer a razão “tem sido instrumentalizada com o fim de obter benefícios e deixando em segundo plano o puro "âmbito do saber". A razão foi reduzida a uma "razão prática e utilitária". Com isso, nossa cultura foi degradada em uma cultura do consumo, mecanizada e robotizada”.
Mas para fazer face a esta teoria Walter Lippmann, autor do livro Public Opinion, lançado em 1922, destacou o papel desempenhado pelos meios informativos ao definir o nosso mundo. Dizendo-nos quais são os assuntos mais importantes que estão em nosso redor. Para ele, dependemos dos meios de comunicação para nos informar sobre os assuntos, personalidades e situações; para que possamos experimentar sentimentos de apoio ou de repulsa e para conhecer aqueles pontos de atenção medidos pelas sondagens de opinião. É inspirado em Lippmam que nasce o “agenta-setting” fundado por Maxwell McCombs e Donald L. Shaw. Em 1963, Bernard Cohen lança The Press and Foreign Policy e escreve que a imprensa pode, na maior parte das vezes, não conseguir dizer às pessoas como pensar, mas tem, no entanto, uma capacidade espantosa para dizer aos seus próprios leitores sobre o que pensar.
Foi em 1972 que McCombs e Shaw publicaram o primeiro artigo tentando provar o que Lippmann e Cohen já haviam escrito. A pesquisa foi realizada em 1968, na localidade de Chapell Hill, cidade pequena, conservadora e isolada que fica na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Nos 24 dias que antecederam as eleições nacionais, foram aplicados cem questionários, selecionados na relação de eleitores, de maneira a cobrir um universo variado de posição econômico-financeira, social e racial, dentre aqueles que se encontravam indecisos entre votar em Hubert Humprey ou Richard Nixon. Feito isso, verificou-se que a mídia havia provocado um forte impacto e influenciado significativamente o eleitor. Mais do que influenciar o eleitor, a mídia também terminara por influenciar aos próprios candidatos. Muitos deles incluíram em suas agendas temas que, inicialmente, não constavam em suas preocupações. Isso ocorreu depois que os temas foram abordados por seus concorrentes e/ou pela mídia (citado em Hohlfeldt, 1997, p.45 e 46). Depois desta primeira pesquisa, vários estudiosos começaram a testar as hipóteses do agenda-setting. Muitos trabalhos foram feitos ou orientados pelos próprios Mc Combs e Shaw.
Portanto até os dias de hoje se verifica visivelmente os efeitos da Teoria Crítica frankfurtiana nos meios de comunicação em massa, principalmente na Europa onde é seu reduto, como também em contrapartida à esta teoria a agenda-setting amplamente utilizada como ferramenta do poder da comunicação para, com seu poder, impor diretrizes manipulatórias à sociedade atual.

Altair Carneiro da Cunha