sexta-feira, 13 de abril de 2007

Funções e Disfunções dos Meios de Comunicação Social.



Este século tem trazido à sociedade muitas reflexões acerca das mudanças nos hábitos de viver dos seres humanos. Com relação a sua vida social, em todos os sentidos, o homem mudou a sua rotina de agir com o meio que o cerca. Isto trouxe conseqüências que mexeram com a sociedade na sua maneira de pensar, alimentar, divertir, interagir e comunicar-se com o próximo locomovendo-se em seu espaço que se tornou relativamente pequeno ao seu redor. A reflexão está nas mudanças tecnológicas como também na velocidade com que estas mudanças vieram, ou seja, em pouco tempo a humanidade deparou-se com a possibilidade de deixar de locomover-se puxado a cavalo, para voar impulsionado por poderosas turbinas a qualquer ponto do planeta, e isto é apenas um exemplo.

As coisas andaram tão rápido que ainda há poucos anos não era difícil ouvir os seguintes comentários: "Não há razão para que alguém queira ter um computador em casa". Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp. (DEC), fabricante de computadores mainframe computers, discutindo os computadores pessoais, em 1977; "Não há praticamente nenhuma chance dos satélites espaciais de comunicação serem usados para prover melhores serviços de telefone, telégrafo, televisão ou rádio dentro dos Estados Unidos". T. Craven, membro do conselho da Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos, em 1961 (o primeiro satélite comercial de comunicações entrou em serviço em 1965).

O tema a ser discutido pela sociedade é como aprender a utilizar bem as funções das novas tecnologias que são apresentadas, e como administrar as disfunções que vêem agregadas a ela. Ao discutir funções e disfunções das novas tecnologias se faz necessário focar nos meios de comunicação, porque estes têm a capacidade de trazer rapidamente ao meio social todas as novidades produzidas neste momento de eclosão tecnológica que a humanidade passa. Daí os meios podem favorecer tanto as funções quanto as disfunções com a mesma rapidez. Cabem então aos indivíduos desta sociedade regular estes meios, afim de que as funções possam trazer informação e conhecimento a todos que os acessem com o objetivo de reduzir ou mesmo anular o impacto das disfunções que estes meios de comunicação trazem invadindo os lares e as mentes da massa.

É necessário também promover o acesso aos meios de comunicação a todos sem distinção de raça, cor, sexo ou classe social. Tarefa esta talvez considerada a mais difícil, porém não impossível. Contudo a sociedade não pode perder o poder de livre escolha e a segurança de um bom produto que lhe esteja sendo oferecido.

São muitas as funções que os meios de comunicação oferecem e manipula-las em favor da massa é imprescindível para que se tenha uma resposta de ação favorável à própria sociedade da qual esta massa é composta. Se na televisão, no rádio e também na internet veicula-se violência é possível, na mesma proporção e com certeza numa proporção até maior, veicular esporte, saúde, lazer e educação em todos os níveis. É possível veicular conhecimento numa linguagem simples, rústica e provinciana e até a finesse alimentar e comportamental de ditas classes altas das grandes metrópoles. Com isto as disfunções nos meios de comunicação podem ser superpostas por ações de distribuição de informação e conhecimento que trarão um retorno sócio-cultural responsável pela solução de muitos dos problemas sociais enfrentados hoje.

Ao mesmo tempo em que os meios de comunicação trazem a informação manipulada por interesses comerciais, políticos e sócio-econômicos, isto como uma disfunção, é possível que por estes mesmos meios faça-se um trabalho de resgate da dignidade do indivíduo social ensinando-o a “aprender a aprender”. Com o poder que as novas tecnologias de comunicação exercem na sociedade pode-se por em prática a máxima do construtivista espanhol César Coll que é um dos autores que explicitam esse princípio e chega mesmo a apresentar o “aprender a aprender” como a finalidade última da educação numa perspectiva construtivista quando ele diz que “Numa perspectiva construtivista, a finalidade última da intervenção pedagógica é contribuir para que o aluno (a massa) desenvolva a capacidade de realizar aprendizagens significativas por si mesmo numa ampla gama de situações e circunstâncias, que o aluno (a massa) “aprenda a aprender””. (Coll, 1994, p. 136). Ou seja, mesmo que exista um desequilíbrio entre funções e disfunções nos meios de comunicação é imperativo que os indivíduos da sociedade sejam capazes de aprender a defender-se deste desequilíbrio. Embora as “situações e circunstâncias” sejam socialmente adversas é possível reverter este quadro conhecendo o poder de discernir que esta sociedade tem sobre os meios de comunicação, alterando o produto destes em relação à audiência dada a tais produtos.


Altair Carneiro da Cunha.

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