segunda-feira, 12 de maio de 2008

Desafio de uma nova metodologia pedagógica diante das tecnologias contemporâneas.

As tecnologias contemporâneas sempre foram motivos de preocupação e entusiasmo da sociedade em que vivemos e formamos, e onde determinados artefatos foram apresentados aos grupos sociais que há seu tempo fizeram suas manifestações contra ou a favor destes artefatos tecnológicos.

No entanto, na segunda metade do século XX, principalmente após a segunda guerra mundial, os equipamentos tecnológicos já utilizados durante o conflito começaram a serem inseridos na vida social das nações do pós guerra de uma maneira mais acessível às grandes empresas, aos ricos, às instituições governamentais e por último a uma pequena parcela da população. Isto aconteceu primeiro com os equipamentos tecnológicos que envolviam os meios de comunicação, e quando nos referimos aos meios de comunicação, queremos mencionar desde os automóveis até as imagens transmitidas e recebidas nos aparelhos de televisão domésticos, passando pelo cinema, pelo rádio e por sistemas computacionais já utilizados em algumas universidades como nos Estados Unidos e Europa.

De acordo com o site http://museu.boselli.com.br, as novidades do pós guerra foram se multiplicando a cada ano que passava. Se em 1875 o americano Frank Stephen Baldwin patenteou a calculadora com cilindros e pinos. Anos depois a idéia de uma máquina de calcular foi evoluindo passando pelo sueco Willgodt T. Odhner em 1878, por Felt que em 1889 inventou a primeira calculadora que também imprimia e chegando ao austríaco Curt Herzstark que preso no campo de concentração nazista de Buchenwald, desenvolveu os fundamentos daquela que seria considerada a melhor máquina calculadora já inventada em seu tempo e começou a produzi-la em série em 1947. A calculadora de Curt, que além de seu pequeno tamanho para sua época era também de um projeto mecânico magnífico, foi produzida até início da década de 70 quando não pode mais concorrer com as calculadoras eletrônicas.

Com todos estes aparatos surgindo ao nosso redor, a sociedade começou a ser diretamente influenciada por modelos e facilidades que nos foram apresentados dando motivo de status, poder e posição social. Estas mudanças começavam pelas classes mais afortunadas, mas logo chegava à classe média e induzia às classes menos favorecidas a obter acesso aos equipamentos eletro-eletrônicos que foram cada vez mais se disseminando no meio social.

Na década de 90 em Recife, Pernambuco, certo diretor comercial de uma rádio FM da cidade, se propôs a pagar cerca de cinco mil dólares por um aparelho de telefone celular da marca Motorola, além de pagar propina a um funcionário da então companhia de telefonia do estado, para obter o direito sobre uma linha de telefonia móvel celular. Claro que ele teve também de reforçar o cinto que amarrava suas calças, pois o aparelho, chamado até hoje de “tijolão”, com o seu peso demasiado fazia com que suas calças caíssem para o lado em que estava preso o telefone.

As mudanças sociais impostas pelas tecnologias contemporâneas apresentadas à sociedade todos os dias, dão uma noção do poder que estas tecnologias exercem sobre os elementos desta sociedade moderna que está pronta a assimilar e absorver toda e qualquer novidade que apareça e que esteja ao seu alcance. Diante desta facilidade de adaptação pela sociedade ao que é novo devemos estar preparados para refletir de que maneira vamos discursar acerca de tais mudanças sociais para que não ocorra de fazermos discursos que ao invés de levar o elemento social a refletir nas conseqüências desta fácil adaptação, vamos empurrá-los a uma condição de fazer o que é proibido pelo simples fato de ser proibido. Isto foi o que ocorreu entre os governos, entre os pais, entre os diretores de escolas e entre a juventude dos anos 60.

Com o surgimento da calculadora eletrônica, de baixo custo e esta acessível a uma grande parte da população, começou então um questionamento sobre a utilização deste equipamento tecnológico nas salas de aula das escolas. Este questionamento levou as escolas, os diretores, os professores e os pais de alunos a tomarem decisões que hoje, cerca de quinze anos depois, não mais se aplicam às necessidades e pensamentos pedagógicos da nova escola. Surge então uma pergunta - Foi outrora tomada a decisão correta quando da proibição de utilização da calculadora por alunos em sala de aula?

Ora, se hoje já é permitido usar uma calculadora nas aulas de matemática e outras disciplinas, tendo entendimento o sistema educacional vigente que esta utilização não prejudica o aprendizado do aluno, muito pelo, contrário facilita seu raciocínio e compreensão da matéria ensinada pelo professor com maior rapidez. Sendo assim a resposta a pergunta anterior já está respondida. Chegando até mesmo algumas escolas a permitir o uso da calculadora em dias de avaliação. Isto demonstra que houve uma mudança radical no comportamento não apenas de indivíduos sociais, mas também houve mudanças nas instituições que foram impulsionadas pelo desenvolvimento tecnológico e a assimilação pela sociedade ao resultado deste desenvolvimento. Estas mudanças fizeram com que os pensamentos, as decisões e conseqüentemente as atitudes de comportamentos fossem admitidas sem levar em conta os argumentos colocados por aqueles que decidiram contra estes aparatos tecnológicos no meio social, não percebendo que o indivíduo socializado já o havia inserido em sua própria maneira de viver e que uma vez inserido não mais voltaria atrás.

Este é apenas um exemplo do poder de mudar as atitudes, o comportamento e a maneira de pensar da sociedade que se tem atribuído às tecnologias contemporâneas nos últimos cinqüenta anos. São mudanças profundas que afetam o tempo, o espaço e a relação do indivíduo social em uma nova concepção de sociedade que hoje é chamada de sociedade globalizada. E é nesta sociedade globalizada que vamos encontrar o telefone móvel celular como um instrumento de mudança social mais eficaz em sua concepção e conceito de modernidade. É este instrumento uma das ferramentas mais poderosas que as tecnologias de informação e comunicação têm oferecido aos diversos seguimentos sociais passando pela educação, entretenimento, segurança entre outros, e reduzindo distâncias, espaço e tempo entre os indivíduos sociais os quais estão incluídos neste processo de modernização.

Enquanto o desenvolvimento tecnológico tem aplicado seus aparatos na saúde, na segurança pública, no entretenimento e na vida cotidiana de cada indivíduo desta sociedade a educação tem resistido em tirar proveito deste desenvolvimento e a utilizar as tecnologias contemporâneas como ferramenta no processo de ensino-apendizagem. Apesar de haver linhas de pensamentos resistentes a estas tecnologias há também aqueles que defendem uma educação aberta na utilização dos recursos das tecnologias de informação e na comunicação. Esta defesa está bem Livro Verde, Sociedade da Informação no Brasil, organizado por Tadao Takahashi, Brasília, Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000, que tem o seguinte texto:

A educação é o elemento-chave na construção de uma sociedade baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado. Parte considerável do desnível entre indivíduos, organizações, regiões e países deve-se à desigualdade de oportunidades relativas ao desenvolvimento da capacidade de aprender e concretizar inovações. Por outro lado, educar em uma sociedade da informação significa muito mais que treinar as pessoas para o uso das tecnologias de informação e comunicação: trata-se de investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas. Trata-se também de formar os indivíduos para “aprender a aprender”, de modo a serem capazes de lidar positivamente com a contínua e acelerada transformação da base tecnológica.(TAKAHASHI E OUTROS, 2000).

A partir desta concepção de “construção social” é possível buscar argumentos necessários tendo como objetivo adequar às tecnologias contemporâneas e usá-las como ferramenta eficaz no processo ensino-aprendizagem trazendo conhecimento e aprendizado eficaz as classes que podem ter acesso a estas tecnologias. E dentre as ferramentas tecnológicas que pode entrar no processo ensino-aprendizagem o uso do telefone celular na educação é o desafio que está posto à nossa frente.

Telefone celular na educação.

O telefone celular é um exemplo de tecnologia que tem chegado às classes menos favorecidas, mas ao mesmo tempo tem sido motivo de resistência no meio acadêmico pela sua utilização por alunos em seu ambiente escolar. Governos nas estâncias estaduais e municipais têm acionado seu legislativo para que estes criem leis que proíbam alunos a usarem o telefone celular nas dependências de suas escolas. Ora, neste momento social onde encontramos alunos de diversas escolas tendo em comum um aparelho celular, não é hora de procurar proibições e restrições, mas é hora sim, de que governos de forma inteligente tirem proveito deste ponto em comum entre as diferentes classes sociais e façam deste uma ferramenta “na construção de uma sociedade baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado”(TAKAHASHI E OUTROS, 2000).

As mesmas atitudes desenvolvidas pelos membros da sociedade durante o século IX e primeira parte do século XX contra o automóvel, contra a televisão, contra a calculadora e contra tantas outras máquinas que apareceram e foram apresentadas para a sociedade, estão sendo atribuídas hoje contra o telefone celular apenas por estarem nas mãos de alunos que estudam em uma ou outra escola, seja esta de nível fundamental, seja do nível médio ou ainda que sejam estas do nível superior. Ainda não aprendemos que não adianta ir de encontro a esta assimilação, a esta osmose que acontece entre os membros da sociedade e os artefatos tecnológicos que lhes são apresentado e possibilitado o seu acesso. Sabendo desta fácil aceitação pelo que é novo, então, ao invés de ir de encontro com argumentos contraditórios o melhor é que seja de forma inteligente criado artifícios que levem a sociedade a fazer o melhor uso possível destes artefatos de maneira tal que, tanto a sociedade quanto as instituições sejam beneficiadas.

A educação pode ser um lugar perfeito para se fazer a união de interesses entre a escola e seu sistema educacional e os que utilizam o telefone celular com a satisfação de ter algo que atenda suas expectativas, sejam estas de consumo, sejam de status ou simples prazer hi-tec, aos que relutantemente vão de encontro a este comportamento social.

Surge então um grande desafio para todos os grupos e junto a este desafio surge também a seguinte indagação: Pode o telefone celular ser um instrumento auxiliar no processo ensino-aprendizagem? Ao surgimento deste questionamento outra questão imediatamente nos é imposta: Como se daria a utilização deste instrumento tanto pelos docentes como pelos discentes no processo de ensino-aprendizagem?

No ímpeto e no anseio de responder estes questionamentos MONTEIRO(em site), aponta que:

As possibilidades que os aparelhos celulares suscitam nas práticas pedagógicas ainda é um grande desafio para os atores sociais do cotidiano escolar. Com o uso do aparelho celular, algumas práticas da cultura escolar se matem viva ou mais forte e outras passam a surgir e se incorporam às nossas identidades. Parece fazer ocorrer, como é o caso de proibição do uso desse aparelho nas escolas, a delimitação do que pode e do que não pode estar na escola. Pode, ainda, trazer a natureza do cuidado redobrado por parte dos educadores, a fim de delimitar claramente o sentido da ética que se pretende ensinar com o uso desse aparelho ou nas situações inusitadas que aparece no dia-dia das salas de aula.(MONTEIRO).

É a partir desta ótica que vamos tentar encontrar um meio inteligente de conciliar o aparato tecnológico que vem transformar o comportamento social do indivíduo e a sociedade como um todo onde seus grupos abusam ou rejeitam este aparato sem perceber o quanto ele pode ser instrumento de união e consenso trazendo assim ganho para todos os diversos interesses. Deste pensamento MONTEIRO faz uma análise das necessidades que permeiam a educação no Brasil e não esconde as dificuldades que vamos nos deparar ao investirmos nesta nova maneira de ensinar e nos chama a discutir sobre:

... as possibilidades produzidas no cotidiano das escolas que também vão modificando as relações que mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem como parte de nossa vida intersubjetiva nas práticas pedagógicas que optamos para de algum modo ter sentido falar de ética na escola(MONTEIRO).

E é exatamente a ética que vai colocar em xeque todo o procedimento e argumento pedagógico tradicional que o sistema educacional ao longo dos séculos tem imposto aos seus educandos. Desta maneira será em nome da ética que teremos a oportunidade de ver novas possibilidades pedagógicas de ensino dentro de um contexto tecnológico contemporâneo manipulados com o objetivo de que os aparatos tecnológicos sirvam de instrumentos auxiliares no processo de ensino-aprendizagem. Monteiro ainda vai mais a fundo quando diz:

Acrescente-se a isso a necessidade de investir numa educação ambiental afinada com o contexto e necessidades locais e globais para tentarmos compreender e discutir nossas dificuldades em relação ao ensino ao conhecimento e a ética nas escolas.

Procurando, então, superar a análise da dimensão meramente técnica do uso de algumas mídias para instigar os educadores a desenvolver uma escuta, um sentir e um “ver” que ultrapasse ao que consideramos “normal e rotineiro”, necessitamos prestar atenção ao que os novos aparatos da mídia divulgam e transformam nas identidades culturais dentro e fora da escola.(MONTEIRO).

Na visão de MONTEIRO fica então patente o desafio para todos nós, educandos e educadores, quanto à necessidade de aperfeiçoarmos nosso entendimento, nossa compreensão e nossa capacidade de, como diz MONTEIRO, “prestar atenção ao que os novos aparatos da mídia divulgam e transformam nas identidades culturais dentro e fora da escola”. Quando falamos de identidade cultural temos pensar agora em tudo o que ocorrendo em nossa volta no mais distante que possa alcançar nossa visão, ou seja, temos que ter uma visão global do conjunto de decisões e direções que estão sendo tomadas pela humanidade em todos os assuntos referentes à ciência e a tecnologia.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Convergência das mídias digitais na EaD

Existe nas prateleiras das instituições de ensino no Brasil uma quantidade bastante grande de inúmeros aparatos tecnológicos com suas diversas funções e operacionalidades formando assim um conjunto de teclas, botões, cabos, conectores e muito mais. Todos estes dispositivos são adquiridos pelo sistema educacional com um só propósito que é o de oferecer melhor qualidade de ensino-aprendizagem. Contudo todos estes aparatos e dispositivos requerem dos seus usuários, atores do sistema de educação, uma capacidade operacional e conhecimento de seus recursos que fazem destes atores que não têm o devido conhecimento, e na maioria das vezes não são capacitados por suas instituições, indivíduos naturalmente resistentes às novas tecnologias digitais. Portanto existe a necessidade de identificar: As reais necessidades do processo ensino-aprendizagem, principalmente na EaD; Convergir estas necessidades aos recursos tecnológicos oferecidos pelos aparatos midiáticos disponíveis no mercado; Utilizar todos os recursos que são hoje sub-utilizados pelo sistema educacional; e Apresentar sugestões de como convergir este aparatos de forma a simplificar e diminuir o números destes em uma aula de EaD.
Quando sugiram a primeiras idéias de EaD, as tecnologias de informação e comunicação já ofereciam ao mercado muitas mídias em diversos formatos e complexidades de operação e manuseio. Com isto a EaD começou a buscar constantes adaptações com o objetivo de moldar-se às mídias apresentadas pelas TIC’s afim de cumprir seus propósitos educacionais. Desta forma a EaD depara-se hoje com uma verdadeira miscelânea de aparatos tecnológicos envolvendo técnicos, professores e alunos do processo ensino-aprendizagem impondo a estes a necessidade de serem malabaristas HighTec. Portanto já é momento de pensar em fornecer à indústria de equipamentos para TIC’s sugestões de como, na medida do possível, convergir os tais equipamentos e suas operacionalizações.
Numa aula em EaD, existe uma diversidade de equipamentos tecnológicos digitais que são necessários à uma boa qualidade de transmissão e recepção de áudio,vídeo e texto. Neste cenário é exigida, dos atores deste processo de ensino-aprendizagem, uma capacidade de conhecimento técnico operacional na qual pouco ou quase nenhum destes indivíduos é preparado. Cria-se, portanto, uma série problemas relacionados a quantidade de equipamentos e a quantidade teclas botões e conexões que são: I. Muitos equipamentos com diferentes funções para uma simples apresentação de uma imagem ou som. II. Sub-utilização dos recursos oferecidos pelo conjunto de equipamentos midiáticos que envolvem a EaD. III. Exclusão profissional e sócio-educativa por falta do conhecimento operacional. IV. Inadequação dos métodos de ensino-aprendizagem com os recursos tecnológicos oferecidos pelas TIC’s(celular).

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Avanços tecnológicos que merecem desconfiança.


Os avanços tecnológicos são muitos e maravilhosos nestes últimos tempos. As novas tecnologias nos oferecem belos e atraentes aparatos que fazem brilhar os olhos daqueles que se incluem entre os não excluídos da nova geração digital. Dos automóveis à cafeteira doméstica, da caneta esferográfica ao NoteBook, as novas tecnologias têm apresentado à sociedade magníficos instrumentos de mudanças do comportamento do indivíduo social. Essas mudanças comportamentais vão desde a maneira do indivíduo alimentar-se até como relacionar-se com os que estão envolvidos em seu cotidiano.
Os intelectuais, os governantes, os grandes poderosos da mídia, da indústria e do comércio entenderam que estas transformações sociais em torno das novas tecnologias abriram na história da humanidade possibilidades sem igual. Ao mesmo tempo que vendem seus produtos inovadores, fazem o controle estatístico, econômico e de comportamento de seus clientes. Isto é maravilhoso para as grandes indústrias. Saber exatamente quem comprou seus produtos, quando e quanto comprou e, por estatística, saber quando novamente seu cliente necessitará comprar. Tudo já é absolutamente possível e praticado em diversas esferas em nossos meios sociais.
Estou referindo-me a um pequeno, mas polêmico chip que está revolucionando os grandes centros metropolitanos de nosso planeta. A nova tecnologia é chama de RFID (“Rádio Frequency IDentifiction”) e é a grande estrela do momento. Este chip também é chamado de “etiquetas inteligentes” e as maiores redes de lojas do mundo já se preparam para colocá-las nos seus produtos exibidos em suas prateleiras, permitindo que seus estoques sejam controlados sem a operação direta de seus funcionários e que tenham também um exato controle de onde um determinado produto se encontra naquele determinado instante.
Estes chips ou etiquetas inteligentes são dotados de uma memória e são capazes também de efetuar transmissões de rádio. Com isto, Ao contrário dos atuais códigos de barras, as etiquetas podem ser lidas à distância, de forma totalmente automatizada, sem que o produto tenha que estar ao alcance da visão de um operador. Mas, mesmo antes destas etiquetas chegarem aos supermercados, elas já fazem parte do nosso dia a dia quando estão inseridas nas chaves de nossos automóveis, em sistemas de cobrança de estacionamentos e até seres humanos já implantaram chips RFID, como
Kevin Warwick, professor britânico que tem por projeto tornar-se um ciborgue. Algumas casas noturnas de Barcelona (Espanha) e Rotterdam (Holanda) também fazem implantes em seus clientes VIP, que utilizam o chip no lugar de comandas de consumo e sabe Deus aonde mais são utilizados este pequeno mas, inconvenientes aparelhos eletrônicos. Aliás, o bilhete único, utilizado como meio de pagamento no transporte público de São Paulo, já utiliza esta tecnologia. E como se não bastasse a grande polêmica em torno da tecnologia em torno da tecnologia RFID está na possibilidade e capacidade que os governos e companhias podem ter em rastrear informações pessoais.
Quando vemos tantos poderes, sejam comerciais ou governamentais, interessados na captura destas informações devemos ficar de alerta máxima, pois certamente seus interesses são escusos e prejudiciais a nós pobres mortais indivíduos sociais. Não é de estranhar uma entrevista dada à revista Fortune, por Rob Carter, CIO da Federal Express, quando indagado sobre a RFID, citou a definição de Bill Gates de "tecnologia dois e dez". Em outras palavras, nos dois primeiros anos, o entusiasmo reina seguido da decepção, até o dia em que, 10 anos depois, as pessoas percebem que a tecnologia tornou-se parte de sua vida diaria.
"A diferença é que pode ser que a RFID seja uma tecnologia três e 15", admitiu Carter, após notar alguns problemas que a FedEx vinha enfrentando com as etiquetas. E isto partiu de um homem cuja excelente reputação como CIO baseia-se na capacidade da empresa para rastrear caixas que nem mesmo lhe pertencem, por até 48 horas, de qualquer parte do mundo. Assim como com qualquer tecnologia, nós precisamos discernir seu valor para os desafios comerciais específicos e devemos estar cientes de suas vantagens e armadilhas, como o potencial de inundar-se de informações.
Desta forma estaremos mais uma vez sujeitos a um bombardeio de propagandas que vão falar das mil e uma vantagens deste novo produto de consumo que vai aos poucos e novamente, mudar nosso comportamento. Em breve, no posto de saúde mais próximo de sua casa você poderá ouvir o seguinte: “Arregace as mangas. Não vai doer nada. Em menos de dez segundos, um chip do tamanho de um grão de arroz será inoculado com uma seringa no seu ombro. Quase que imediatamente após a picada, seu nome completo, idade, batimentos cardíacos, temperatura corporal, a taxa de açúcar no sangue e a sua exata localização no espaço serão transmitidos para a estratosfera, onde um satélite encaminhará as informações para uma central de atendimento na Terra. A monitoração será total.”
Porém, se de um lado a indústria, comércio e governos estão se preparando para injetar em todos nós seu chip de potencial controle, existem já várias organizações que já em pé de guerra estão se mobilizando contra esta nova tecnologia.
É o caso do site
www.spychips.com que tem trabalhado arduamente contra este levante tecnológico que está ameaçando nossa liberdade e nosso direito constitucional de ir e vir sem ser-mos vigiados por interesses arbitrários.
A população americana já esta vivendo este novo momento de mudança. Questões de pessoas simples como a que segue já começam a surgir: “Pode o VeriChip (um dos fabricantes do Chip RFID) ser usado para seguir pessoas em movimentos?” A resposta dada pelos especialista que escrevem o site
www.antichips.com é a seguinte: “Sim, quando uma rede de leitores locais for instalada o VeriChip pode ser usado para monitorar um indivíduo enquanto se movimenta. Mesmo que o implante tenha uma escala de leitura relativamente curta, os leitores poderiam ser colocados em posições estratégicas para identificar pessoas enquanto passam perto. VeriChip já desenvolveu leitores da entrada de lojas especificamente com esta finalidade”.
Estamos na eminência de uma grande transformação de comportamento social. Estas mudanças podem refletir diretamente nos mais básicos conceitos democráticos vividos por esta geração da qual faço parte. As conquistas de liberdade e democracia que foram construídas até hoje com muita dor e o derramamento do sangue de nossos compatriotas poderão entrar nos arquivos do esquecimento histórico logo após uma injeção HighTec.
Apesar de não querer ser um pessimista da minha geração nem chamado de profeta do caos, quero terminar este texto com um poema de Carlos Drummond de Andrade que diz:, “Congresso Internacional do Medo”,
“Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.”

Altair Carneiro da Cunha

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Os Efeitos dos Meios de Comunicação Desde a Teoria Crítica.


Analisar uma teoria formada num contexto de guerra e perseguição ideológica na qual foi fundada a Escola de Frankfurt é uma tarefa bastante desconfortável. Antes de começar a fazer qualquer comentário acerca da teoria formada por esta escola é necessário que se faça uma análise histórica se sua fundação e início de atividade.
A Escola de Frankfurt é nome dado a um grupo de filósofos e cientistas sociais de tendências marxistas que se encontram no final dos anos 20. Este grupo emergiu no Instituto para Pesquisa Social (Institut für Sozialforschung) da Universidade de Frankfurt-am-Main na Alemanha. O instituto foi fundado com o apoio financeiro do mecenas judeu Felix Weil em 1923. Em 1931, Max Horkheimer tornou-se diretor do Instituto. É a partir da gestão de Horkheimer que se desenvolve aquilo que ficou conhecido como a Teoria Crítica da Sociedade, comumente associada à Escola de Frankfurt. Deve-se a esta Escola a criação de conceitos como Indústria Cultural e Cultura de Massa.
Na Alemanha, com a chegada de Hitler ao poder os membros do Instituto, em sua maioria judeus, migraram para Genebra, depois a Paris e finalmente, para a Universidade de Columbia em Nova Iorque. A primeira obra coletiva dos frankfurtianos são os Estudos sobre Autoridade e Família, escritos em Paris, onde estes fazem um diagnóstico da estabilidade social e cultural das sociedade burguesas contemporâneas. Nestes estudos, os filósofos põem em questão a capacidade das classes trabalhadoras em levar a cabo transformações sociais importantes.
Diante deste contexto é que os pensadores desta escola promovem suas críticas aos meios de comunicação de massa cuja expansão lhes é contemporânea. Estas críticas vão encontrar suas maiores oposições nos Estados Unidos onde está em ascensão um sistema de comunicação totalmente voltado à manipulação da sociedade capitalista na sua maneira de pensar e agir. Esta manipulação feita pelos meios de comunicação vem atender aos interesses econômicos e políticos de um pequeno grupo social que induzem o restante da sociedade a adquirir produtos da indústria em crescimento e apoiar políticos em seus anseios de poder sem fazer muitos questionamentos. Neste momento a Escola de Frankfurt vem estabelecer parâmetros e tentar frear este estado de escravagismo mental fazendo sua crítica a razão quando para Horkheimer a razão “tem sido instrumentalizada com o fim de obter benefícios e deixando em segundo plano o puro "âmbito do saber". A razão foi reduzida a uma "razão prática e utilitária". Com isso, nossa cultura foi degradada em uma cultura do consumo, mecanizada e robotizada”.
Mas para fazer face a esta teoria Walter Lippmann, autor do livro Public Opinion, lançado em 1922, destacou o papel desempenhado pelos meios informativos ao definir o nosso mundo. Dizendo-nos quais são os assuntos mais importantes que estão em nosso redor. Para ele, dependemos dos meios de comunicação para nos informar sobre os assuntos, personalidades e situações; para que possamos experimentar sentimentos de apoio ou de repulsa e para conhecer aqueles pontos de atenção medidos pelas sondagens de opinião. É inspirado em Lippmam que nasce o “agenta-setting” fundado por Maxwell McCombs e Donald L. Shaw. Em 1963, Bernard Cohen lança The Press and Foreign Policy e escreve que a imprensa pode, na maior parte das vezes, não conseguir dizer às pessoas como pensar, mas tem, no entanto, uma capacidade espantosa para dizer aos seus próprios leitores sobre o que pensar.
Foi em 1972 que McCombs e Shaw publicaram o primeiro artigo tentando provar o que Lippmann e Cohen já haviam escrito. A pesquisa foi realizada em 1968, na localidade de Chapell Hill, cidade pequena, conservadora e isolada que fica na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Nos 24 dias que antecederam as eleições nacionais, foram aplicados cem questionários, selecionados na relação de eleitores, de maneira a cobrir um universo variado de posição econômico-financeira, social e racial, dentre aqueles que se encontravam indecisos entre votar em Hubert Humprey ou Richard Nixon. Feito isso, verificou-se que a mídia havia provocado um forte impacto e influenciado significativamente o eleitor. Mais do que influenciar o eleitor, a mídia também terminara por influenciar aos próprios candidatos. Muitos deles incluíram em suas agendas temas que, inicialmente, não constavam em suas preocupações. Isso ocorreu depois que os temas foram abordados por seus concorrentes e/ou pela mídia (citado em Hohlfeldt, 1997, p.45 e 46). Depois desta primeira pesquisa, vários estudiosos começaram a testar as hipóteses do agenda-setting. Muitos trabalhos foram feitos ou orientados pelos próprios Mc Combs e Shaw.
Portanto até os dias de hoje se verifica visivelmente os efeitos da Teoria Crítica frankfurtiana nos meios de comunicação em massa, principalmente na Europa onde é seu reduto, como também em contrapartida à esta teoria a agenda-setting amplamente utilizada como ferramenta do poder da comunicação para, com seu poder, impor diretrizes manipulatórias à sociedade atual.

Altair Carneiro da Cunha

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Os Meios de Comunicação Digitais: Quando as Audiências se Convertem em Emissores.


No iniciar de cada ano, observa-se as emissoras de TV fazerem os anúncios de suas grades programáticas para apresentação no decorrer dos próximos meses. É fácil entender porque tantos profissionais trabalham para construir esta grade de forma que cada programa esteja no horário e dia estrategicamente colocado. Para tornar este trabalho eficaz, muitas pesquisas foram realizadas com o intuito de conhecer cada público alvo do interesse da emissora e assim fazer as devidas alocações de sua produção de áudio e vídeo. Desta forma o objetivo de alcançar maior número de receptores é logo atingido.

Esta relação entre a TV, emissora de diversas informações, e o público receptor destas informações é mensurada em níveis de audiência. E é esta audiência que vai fazer a indústria, comércio e serviços tornar-se patrocinadores dos programas produzidos pela TV emissora.

Este nível de audiência agora passa a ter um poder de decisão e de manipulação tanto da emissora quanto dos receptores, uma vez que ambos dependem destes níveis, para de formas diferentes, manterem seus interesses sendo transmitidos.

Os interesses da emissora são claros em obter níveis altos de audiência em todos os programas e assim persuadir seus clientes, as empresas, a serem patrocinadores e anunciantes dos intervalos comerciais da programação, com a promessa de que muitos receptores estão assistindo o produto televisivo, sendo assim compradores em potencial dos produtos anunciados. Ora desta maneira a indústria, comércio e serviços vão vender mais e vendendo mais poderão também pagar melhor pelo tempo utilizado na TV para anúncio de seus produtos.

Já os receptores encontram nos equipamentos tecnológicos, dos quais recebem as informações preestabelecidas em função dos níveis de audiência, as suas lojas, seus parques de diversões, seus aconselhadores financeiros, medicinais e espirituais e até seus educadores. Além do mais a comodidade oferecida aos receptores torna-os passivos a todo tipo de informação emitida pelos meios de comunicação aos quais estes, rádio ouvintes e telespectadores, tornam-se reféns. Porém são reféns de si mesmo uma vez que o poder de manipular o nível de audiência está na posição de cada indivíduo receptor que decidirá (e pode decidir) a que programação vai assistir e em que horário.

Verifica-se então que tanto emissores quanto receptores são co-participantes natural de um modelo de comunicação em massa oferecido a toda sociedade atual, cada um defendendo seus próprios interesses.

Portanto hoje, mais do que ontem, receptores conhecedores do poder sobre a audiência, tornam-se tanto quanto emissores e inter-agentes da programação que outrora era de exclusividade dos meios de comunicação. Os novos meios tecnológicos têm facilitado esta interferência uma vez que tem posto nas mãos da massa equipamentos de baixo custo que possibilitam a inserção de textos, fotos, áudio e vídeo nos diversos meios com rapidez e confiabilidade. Com isto o próprio indivíduo deixou de ser um receptor passivo e tornou-se um emissor cúmplice da qualidade social dos produtos oferecidos à sociedade pelos meios de comunicação.


Altair Carneiro da Cunha

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Funções e Disfunções dos Meios de Comunicação Social.



Este século tem trazido à sociedade muitas reflexões acerca das mudanças nos hábitos de viver dos seres humanos. Com relação a sua vida social, em todos os sentidos, o homem mudou a sua rotina de agir com o meio que o cerca. Isto trouxe conseqüências que mexeram com a sociedade na sua maneira de pensar, alimentar, divertir, interagir e comunicar-se com o próximo locomovendo-se em seu espaço que se tornou relativamente pequeno ao seu redor. A reflexão está nas mudanças tecnológicas como também na velocidade com que estas mudanças vieram, ou seja, em pouco tempo a humanidade deparou-se com a possibilidade de deixar de locomover-se puxado a cavalo, para voar impulsionado por poderosas turbinas a qualquer ponto do planeta, e isto é apenas um exemplo.

As coisas andaram tão rápido que ainda há poucos anos não era difícil ouvir os seguintes comentários: "Não há razão para que alguém queira ter um computador em casa". Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp. (DEC), fabricante de computadores mainframe computers, discutindo os computadores pessoais, em 1977; "Não há praticamente nenhuma chance dos satélites espaciais de comunicação serem usados para prover melhores serviços de telefone, telégrafo, televisão ou rádio dentro dos Estados Unidos". T. Craven, membro do conselho da Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos, em 1961 (o primeiro satélite comercial de comunicações entrou em serviço em 1965).

O tema a ser discutido pela sociedade é como aprender a utilizar bem as funções das novas tecnologias que são apresentadas, e como administrar as disfunções que vêem agregadas a ela. Ao discutir funções e disfunções das novas tecnologias se faz necessário focar nos meios de comunicação, porque estes têm a capacidade de trazer rapidamente ao meio social todas as novidades produzidas neste momento de eclosão tecnológica que a humanidade passa. Daí os meios podem favorecer tanto as funções quanto as disfunções com a mesma rapidez. Cabem então aos indivíduos desta sociedade regular estes meios, afim de que as funções possam trazer informação e conhecimento a todos que os acessem com o objetivo de reduzir ou mesmo anular o impacto das disfunções que estes meios de comunicação trazem invadindo os lares e as mentes da massa.

É necessário também promover o acesso aos meios de comunicação a todos sem distinção de raça, cor, sexo ou classe social. Tarefa esta talvez considerada a mais difícil, porém não impossível. Contudo a sociedade não pode perder o poder de livre escolha e a segurança de um bom produto que lhe esteja sendo oferecido.

São muitas as funções que os meios de comunicação oferecem e manipula-las em favor da massa é imprescindível para que se tenha uma resposta de ação favorável à própria sociedade da qual esta massa é composta. Se na televisão, no rádio e também na internet veicula-se violência é possível, na mesma proporção e com certeza numa proporção até maior, veicular esporte, saúde, lazer e educação em todos os níveis. É possível veicular conhecimento numa linguagem simples, rústica e provinciana e até a finesse alimentar e comportamental de ditas classes altas das grandes metrópoles. Com isto as disfunções nos meios de comunicação podem ser superpostas por ações de distribuição de informação e conhecimento que trarão um retorno sócio-cultural responsável pela solução de muitos dos problemas sociais enfrentados hoje.

Ao mesmo tempo em que os meios de comunicação trazem a informação manipulada por interesses comerciais, políticos e sócio-econômicos, isto como uma disfunção, é possível que por estes mesmos meios faça-se um trabalho de resgate da dignidade do indivíduo social ensinando-o a “aprender a aprender”. Com o poder que as novas tecnologias de comunicação exercem na sociedade pode-se por em prática a máxima do construtivista espanhol César Coll que é um dos autores que explicitam esse princípio e chega mesmo a apresentar o “aprender a aprender” como a finalidade última da educação numa perspectiva construtivista quando ele diz que “Numa perspectiva construtivista, a finalidade última da intervenção pedagógica é contribuir para que o aluno (a massa) desenvolva a capacidade de realizar aprendizagens significativas por si mesmo numa ampla gama de situações e circunstâncias, que o aluno (a massa) “aprenda a aprender””. (Coll, 1994, p. 136). Ou seja, mesmo que exista um desequilíbrio entre funções e disfunções nos meios de comunicação é imperativo que os indivíduos da sociedade sejam capazes de aprender a defender-se deste desequilíbrio. Embora as “situações e circunstâncias” sejam socialmente adversas é possível reverter este quadro conhecendo o poder de discernir que esta sociedade tem sobre os meios de comunicação, alterando o produto destes em relação à audiência dada a tais produtos.


Altair Carneiro da Cunha.

terça-feira, 3 de abril de 2007

As Novas Tecnologias e a Exclusão Sócio Digital.


Na realidade temos que discerni bem quais são as tecnologias que as sociedades terão acesso e quais sociedades poderão ter acesso à determinada tecnologia. Pois é fato real em nossa sociedade que o acesso às tecnologias e às informações está diretamente relacionado ao poder de consumo destas.
Assim como o acesso às primeiras academias, aos primeiros impressos, às primeiras máquinas, aos primeiros automóveis e ainda hoje o acesso aos computadores, o acesso às novas tecnologias privilegia a nata socioeconômica no momento em que estas se fazem conhecidas. No entanto é sabido e mostrado pela história que em determinado instante de interesse da massa esta mesma história pode ser redirecionada.E se há esperança de reescrever este conto, a solução se encontra nas mãos dos poucos que possuem o poder e, por conseguinte o dever de disseminar a informação e o conhecimento, superando os obstáculos anti-sociais que nos cercam.
Portanto, mesmo que as novas tecnologias venham gerar uma “Brecha digital” na sociedade é bom lembrar aos “Inforricos” que eles não ficarão mais ricos se não estenderem acessos às novas tecnologias aos “Infopobres”.E vale lembrar aos “Infopobres” que estas tecnologias permitem que mesmo com pouco acesso é possível romper barreiras intransponíveis pelos mais privilegiados.

Altair Carneiro da Cunha

sábado, 31 de março de 2007

Ensaio do filme “21 Grams”

UNED – Universidad Nacional de Educación A Distância.
Programa Modular en Tecnologías Digitales y Sociedad del Conocimiento.
Narrativa Digital.
Acadêmico: Altair Carneiro da Cunha
28 de março de 2007.


Quando espectadores sentam-se em poltronas para assistirem a filmes de maneira geral já estão preparados para o início de um enrredo, o desenrolar de uma trama e o final épico desta. No entanto “21 grams” traz algo surpreendente quando, apesar de parecer sem pé nem cabeça, por ser apresentado de maneira não seqüencial, ou seja, não linear, tornou-se um filme inteligente e inteligível. E o termo “sem pé nem cabeça” ficou pejorativo para uma narrativa elegante e moderna.
A mente instigadora tem nesta narrativa feliz oportunidade de ver com outros olhos a descontinuidade coesa, mantendo seus espectadores ativos nas diversas correntes de pensamento. O filme concede a quem o assiste de usar a criatividade, desenvolvendo várias pré-conclusões, e críticas, durante toda apresentação da película.
Se faz importante destacar a capacidade do diretor, o mexicano Alejandro González, em permitir que cada receptor tenha a liberdade de construir seu próprio roteiro imaginário usando as mesmas cenas do filme sem alterar o conteúdo e o objetivo da narrativa. A crítica faz bem quando comenta o filme de “ Como en “Amores perros”, la película posee una estructura temporal que puede calificarse acertadamente como arbitraria, como artística, como no li-neal ... O –para los más modernos– de igual manera en que un dj busca resaltar fragmentos de la composición original a remezclar mediante los recursos de que dispone con el fin de crear una nueva composición dedicada al baile o a otras lides.” (Crítica de Rubén Corral).
O story board abaixo exemplifica bem a condição versátil de expressar sentimentos e situações mesmo em composição diferente da original e também sem a tradicional continuidade da narrativa linear.

Aí esta a grande vantagem de uma comunicação não linear que propõe ainda possibilidade de criação de linearidade conforme o livre arbítrio do receptor. E para conferir esta afirmação o próprio filme “21 grams” fornece material abundante para esta narrativa podendo o receptor utilizá-lo como exercício de manipulação. Portanto, para verificar esta condição basta acessar o endereço
http://www.youtube.com/watch?v=8BH0ElQYNuk e será visto um pequeno exemplo da manipulação de dados e conversão de uma narrativa não linear para uma linear.


Altair Carneiro da Cunha.