segunda-feira, 16 de abril de 2007

Os Meios de Comunicação Digitais: Quando as Audiências se Convertem em Emissores.


No iniciar de cada ano, observa-se as emissoras de TV fazerem os anúncios de suas grades programáticas para apresentação no decorrer dos próximos meses. É fácil entender porque tantos profissionais trabalham para construir esta grade de forma que cada programa esteja no horário e dia estrategicamente colocado. Para tornar este trabalho eficaz, muitas pesquisas foram realizadas com o intuito de conhecer cada público alvo do interesse da emissora e assim fazer as devidas alocações de sua produção de áudio e vídeo. Desta forma o objetivo de alcançar maior número de receptores é logo atingido.

Esta relação entre a TV, emissora de diversas informações, e o público receptor destas informações é mensurada em níveis de audiência. E é esta audiência que vai fazer a indústria, comércio e serviços tornar-se patrocinadores dos programas produzidos pela TV emissora.

Este nível de audiência agora passa a ter um poder de decisão e de manipulação tanto da emissora quanto dos receptores, uma vez que ambos dependem destes níveis, para de formas diferentes, manterem seus interesses sendo transmitidos.

Os interesses da emissora são claros em obter níveis altos de audiência em todos os programas e assim persuadir seus clientes, as empresas, a serem patrocinadores e anunciantes dos intervalos comerciais da programação, com a promessa de que muitos receptores estão assistindo o produto televisivo, sendo assim compradores em potencial dos produtos anunciados. Ora desta maneira a indústria, comércio e serviços vão vender mais e vendendo mais poderão também pagar melhor pelo tempo utilizado na TV para anúncio de seus produtos.

Já os receptores encontram nos equipamentos tecnológicos, dos quais recebem as informações preestabelecidas em função dos níveis de audiência, as suas lojas, seus parques de diversões, seus aconselhadores financeiros, medicinais e espirituais e até seus educadores. Além do mais a comodidade oferecida aos receptores torna-os passivos a todo tipo de informação emitida pelos meios de comunicação aos quais estes, rádio ouvintes e telespectadores, tornam-se reféns. Porém são reféns de si mesmo uma vez que o poder de manipular o nível de audiência está na posição de cada indivíduo receptor que decidirá (e pode decidir) a que programação vai assistir e em que horário.

Verifica-se então que tanto emissores quanto receptores são co-participantes natural de um modelo de comunicação em massa oferecido a toda sociedade atual, cada um defendendo seus próprios interesses.

Portanto hoje, mais do que ontem, receptores conhecedores do poder sobre a audiência, tornam-se tanto quanto emissores e inter-agentes da programação que outrora era de exclusividade dos meios de comunicação. Os novos meios tecnológicos têm facilitado esta interferência uma vez que tem posto nas mãos da massa equipamentos de baixo custo que possibilitam a inserção de textos, fotos, áudio e vídeo nos diversos meios com rapidez e confiabilidade. Com isto o próprio indivíduo deixou de ser um receptor passivo e tornou-se um emissor cúmplice da qualidade social dos produtos oferecidos à sociedade pelos meios de comunicação.


Altair Carneiro da Cunha

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Funções e Disfunções dos Meios de Comunicação Social.



Este século tem trazido à sociedade muitas reflexões acerca das mudanças nos hábitos de viver dos seres humanos. Com relação a sua vida social, em todos os sentidos, o homem mudou a sua rotina de agir com o meio que o cerca. Isto trouxe conseqüências que mexeram com a sociedade na sua maneira de pensar, alimentar, divertir, interagir e comunicar-se com o próximo locomovendo-se em seu espaço que se tornou relativamente pequeno ao seu redor. A reflexão está nas mudanças tecnológicas como também na velocidade com que estas mudanças vieram, ou seja, em pouco tempo a humanidade deparou-se com a possibilidade de deixar de locomover-se puxado a cavalo, para voar impulsionado por poderosas turbinas a qualquer ponto do planeta, e isto é apenas um exemplo.

As coisas andaram tão rápido que ainda há poucos anos não era difícil ouvir os seguintes comentários: "Não há razão para que alguém queira ter um computador em casa". Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp. (DEC), fabricante de computadores mainframe computers, discutindo os computadores pessoais, em 1977; "Não há praticamente nenhuma chance dos satélites espaciais de comunicação serem usados para prover melhores serviços de telefone, telégrafo, televisão ou rádio dentro dos Estados Unidos". T. Craven, membro do conselho da Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos, em 1961 (o primeiro satélite comercial de comunicações entrou em serviço em 1965).

O tema a ser discutido pela sociedade é como aprender a utilizar bem as funções das novas tecnologias que são apresentadas, e como administrar as disfunções que vêem agregadas a ela. Ao discutir funções e disfunções das novas tecnologias se faz necessário focar nos meios de comunicação, porque estes têm a capacidade de trazer rapidamente ao meio social todas as novidades produzidas neste momento de eclosão tecnológica que a humanidade passa. Daí os meios podem favorecer tanto as funções quanto as disfunções com a mesma rapidez. Cabem então aos indivíduos desta sociedade regular estes meios, afim de que as funções possam trazer informação e conhecimento a todos que os acessem com o objetivo de reduzir ou mesmo anular o impacto das disfunções que estes meios de comunicação trazem invadindo os lares e as mentes da massa.

É necessário também promover o acesso aos meios de comunicação a todos sem distinção de raça, cor, sexo ou classe social. Tarefa esta talvez considerada a mais difícil, porém não impossível. Contudo a sociedade não pode perder o poder de livre escolha e a segurança de um bom produto que lhe esteja sendo oferecido.

São muitas as funções que os meios de comunicação oferecem e manipula-las em favor da massa é imprescindível para que se tenha uma resposta de ação favorável à própria sociedade da qual esta massa é composta. Se na televisão, no rádio e também na internet veicula-se violência é possível, na mesma proporção e com certeza numa proporção até maior, veicular esporte, saúde, lazer e educação em todos os níveis. É possível veicular conhecimento numa linguagem simples, rústica e provinciana e até a finesse alimentar e comportamental de ditas classes altas das grandes metrópoles. Com isto as disfunções nos meios de comunicação podem ser superpostas por ações de distribuição de informação e conhecimento que trarão um retorno sócio-cultural responsável pela solução de muitos dos problemas sociais enfrentados hoje.

Ao mesmo tempo em que os meios de comunicação trazem a informação manipulada por interesses comerciais, políticos e sócio-econômicos, isto como uma disfunção, é possível que por estes mesmos meios faça-se um trabalho de resgate da dignidade do indivíduo social ensinando-o a “aprender a aprender”. Com o poder que as novas tecnologias de comunicação exercem na sociedade pode-se por em prática a máxima do construtivista espanhol César Coll que é um dos autores que explicitam esse princípio e chega mesmo a apresentar o “aprender a aprender” como a finalidade última da educação numa perspectiva construtivista quando ele diz que “Numa perspectiva construtivista, a finalidade última da intervenção pedagógica é contribuir para que o aluno (a massa) desenvolva a capacidade de realizar aprendizagens significativas por si mesmo numa ampla gama de situações e circunstâncias, que o aluno (a massa) “aprenda a aprender””. (Coll, 1994, p. 136). Ou seja, mesmo que exista um desequilíbrio entre funções e disfunções nos meios de comunicação é imperativo que os indivíduos da sociedade sejam capazes de aprender a defender-se deste desequilíbrio. Embora as “situações e circunstâncias” sejam socialmente adversas é possível reverter este quadro conhecendo o poder de discernir que esta sociedade tem sobre os meios de comunicação, alterando o produto destes em relação à audiência dada a tais produtos.


Altair Carneiro da Cunha.

terça-feira, 3 de abril de 2007

As Novas Tecnologias e a Exclusão Sócio Digital.


Na realidade temos que discerni bem quais são as tecnologias que as sociedades terão acesso e quais sociedades poderão ter acesso à determinada tecnologia. Pois é fato real em nossa sociedade que o acesso às tecnologias e às informações está diretamente relacionado ao poder de consumo destas.
Assim como o acesso às primeiras academias, aos primeiros impressos, às primeiras máquinas, aos primeiros automóveis e ainda hoje o acesso aos computadores, o acesso às novas tecnologias privilegia a nata socioeconômica no momento em que estas se fazem conhecidas. No entanto é sabido e mostrado pela história que em determinado instante de interesse da massa esta mesma história pode ser redirecionada.E se há esperança de reescrever este conto, a solução se encontra nas mãos dos poucos que possuem o poder e, por conseguinte o dever de disseminar a informação e o conhecimento, superando os obstáculos anti-sociais que nos cercam.
Portanto, mesmo que as novas tecnologias venham gerar uma “Brecha digital” na sociedade é bom lembrar aos “Inforricos” que eles não ficarão mais ricos se não estenderem acessos às novas tecnologias aos “Infopobres”.E vale lembrar aos “Infopobres” que estas tecnologias permitem que mesmo com pouco acesso é possível romper barreiras intransponíveis pelos mais privilegiados.

Altair Carneiro da Cunha